• E agora quem se lembra destes sabores?

    O avô Dinis Está na nossa memória para sempre. Como avô doce e bom contador de histórias.

    Trocista e brincalhão jamais mostrava enfado com os netos. Pelo menos connosco. Com o primo Orlando já não era assim, mas ele era bem sacana é certo.

    os lanches do avô Dinis eram uns petiscos geniais...

    A avó Palmira, formiguinha incansável e que não parava em casa, pouco se preocupava com lanches...

    O avô tinha sempre pendurado  na palheira do Ribeiro um saquito com um pouco de sal e uma garrafita com vinho azedo...vinagre tinto.

    De tarde, no Verão era tempo de regar e o avô lá ia ligar o motor.

    O matraquear do motor no poço, fazia coro com muitos motores nos poços vizinhos e assim se ficava a saber quem já estava a regar...

    A água corria solta pelos regos e o avô só tinha que ir fechando e abrindo portas nos regos para encaminhar a água.

    Sentados num cômbaro junto á horta dos mimos e novidades...com a água fresca a correr nos nossos pés, o avô ia ao canteiro das cebolas novas e escolhia uma bem tenra. Lavava no rego da água e com a navalhita que trazia consigo, rachava a cebola em quatro, metia sal e vinagre, apertava bem ate que ficasse bem espremida. Depois, com um pedaço de broa era comer e saborear...

    O mesmo se fazia com os pepinos. mais fácil que todos acabassem comidos assim do que na salada de um prato.

    Também os tomates tinham sabor de merenda...mas estes com um pouco de bacalhau salgado e lavado na água.Sabores de Infância

    Não eram tempos fáceis, nem ricos. Foram os tempos dos avós...aqui ficam três belas receitas.. 

     

    Sabores de InfânciaSabores de Infância


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  • Não me lembro se na casa da Lousa havia forno de lenha...

    Também não me lembro se em Sá tínhamos forno...

    Lembro que forno só no Vale. Também havia forno em casas dos nossos avós.

    Não tenho nenhuma foto do nosso forno no Vale. Se alguém tiver é favor mostrar... eu só tenho das ruinas.

    Mas lembro do sabor do pão que a mãe fazia, das caçoilas de arroz, do cabrito assados, das maçãs que ela apanhava nas macieiras das bordas dos caminhos e assava nos tabuleiros, lembro da bola com sardinhas.

    Sabores únicos...

    O forno de lenhaO forno de lenhaO forno de lenha

     

    O forno de lenha

     


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  • texto aqui

     

      Petiscos da Raiva

    E vamos continuar com comida... Pão e outras iguarias. Na Raiva o que também nos surpreendeu foi o tamanho das broas. Enormes. Normal era terem sete ou mesmo oito kilos. Eram de uma farinha muito áspera e seca. Feitas com os restos do milho depois de lhes ser retirado na fábrica o amido para fazer as farinhas Maizena, daquelas sobras se fazia a broa dos pobres. Pouco valor alimentar tinham, mas era pão...pão de trigo só para os doentes... A padeira vinha de Castelo de Paiva e trazia "trigos" praticamente só para nós. Também trazia um pouco de carne. Para a sopa dos bebés. E medicamentos da farmácia... A senhora Amélinha e a ti Micas vendiam aquela broa lá na venda ao kilo. Uma vez por mês ou de 15 em 15 dias vinha a camionete MAN de caixa aberta e toldo. Lá dentro vinham as encomendas que os mineiros faziam na cooperativa e no meio de sacas vinham as broas... No lanche tarde na escola lá se desembrulhava de um farrapo, lenço ou mais fino...guardanapo de pano, uma fatia de pão áspero e um pedaço de toucinho salgado...branco como queijo...e era isso que nós diziamos...que se estava a comer queijo... Em nossa casa sempre me lembro de se comer "Planta". Com moderação...alguma marmelada, também comprada em fatias. Mas aquilo até sabia muito bem!.

      

     

                                                                           

     

     


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    Historias da vida

    Esta é uma história da mãe... Contava ela muita vez, que quando tinha sete anos os nossos avós a tiraram da escola para a por a servir em casa de uns caseiros que granjeavam os terrenos da quinta. Tinha que tocar a burra a tirar água da nora e cuidar de um menino bebé. Ela pequenina e cansada cheia de fome e o bebé a chorar. Contava que uma vez estava tão zangada que quis atirar o miúdo para dentro do poço...dizia com horror" e se o tivesse feito"! em casa dos caseiros o pão era racionado e pouco. A mãe ia então a casa dos nossos avós pedir pão. O nosso avô perguntava se a caseira ainda não tinha cozido a broa. A mãe dizia que sim, mas que o tinha na tábua alta e ela não chegava lá...então o avô disse para ela atirar abaixo uma broa com a vara dos bois. Foi o que a mãe fez e foi esconder o bocado de pão na palheira onde ia comer ás escondidas...se calhar comia ela e os ratos também... Vidas de merda...era assim ser criança em Portugal. Quando for ao Vale vou fotografar os restos da nora, a porta da casa dos caseiros e tentar saber um pouco mais daquele tempo...como de quem seriam as terras...

    Paris   

     

     

     

    vida triste


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      Relembrar uma tradição de Sá e da Raiva. Viver em Sá foi a primeira experiência de vida em comunidade. Muitos hábitos nos eram desconhecidos e este era um deles. Cozer a broa em forno de lenha. As broas em Castelo de Paiva eram negras e azedas. Algumas casas tinham forno de lenha e lá eram cozidas as broas. Aquelas broas aguentavam muitos dias. Mas o que nos surpreendeu foi ver as crianças apanhar a bosta dos bois pelos caminhos. Debaixo da ramada onde ficava a nossa casa passavam carros de bois e vacas e os miúdos tinham por missão recolher a bosta que ficava no caminho. Com ela as mulheres selavam a porta do forno quando a broa ficava a cozer. Na Raiva também se usava isso...e também o caminho debaixo da ramada era um bom sítio para recolher a bosta... Hoje diz-se que o pão fica melhor com a bosta de boi a fechar. Os antigos lá sabem...mas hoje iriam dizer que era contra as medidas sanitárias...  

     

                                                                           

     

     


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